sábado, 4 de julho de 2009

Relatório de trabalho de campo no aniversário



Devido aos sucessivos "rolés" realizados por algumas participantes da entrevista, optamos por realizar um novo trabalho de campo. Desta vez quem iria escolher o local seria o grupo que foi convidado para o baile do Salgueiro, e que neste evento deveria convidar o outro grupo de amigas para um novo evento.
Marcamos o dia e horário, porém por indisponibilidade de tempo duas das entrevistadas não puderam comparecer. Com dia e horário definido, faltou o local escolhido. De última hora, literalmente 1 hora antes do horário marcado, uma das meninas sugeriu que nós fôssemos para um churrasco de um amigo da prima dela. No dia 20 de junho de 2009, às 17 horas, fomos em direção a um bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, sem saber muito bem o que nos esperava, visto que nenhuma das participantes da pesquisa conhecia o aniversariante.
Ao chegarmos à estação do metrô do bairro, a nossa anfitriã (a prima de uma das entrevistadas) nos esperava em companhia de um rapaz. Disse-nos que tinha uma revelação a fazer que nos assustaria, o que deixou todas apreensivas. Ao longo da nossa caminhada até o local da festa, a anfitriã nos revelou que o aniversariante cometia atos ilícitos e que a festa era nas proximidades de uma favela, porém não no interior desta. Naquele momento todas as presentes ficaram receosas quanto a tal festa e ao que nos aguardava, porém fomos tranquilizada pela anfitriã e seu amigo.
Ao chegarmos ao aniversário, defrontamo-nos com uma espaço para eventos com uma churrasqueira na entrada da favela com as luzes apagadas, sendo a única fonte de iluminação o jogo de luz do DJ. Havia o uso explícito de algumas drogas ilícitas e álcool em excesso. Pudemos perceber que mesmo que discretamente havia pessoas armadas no local. Fomos recepcionadas pelo aniversariante que nos tratou com toda educação cabível, oferecendo-nos cerveja e outros tipos de droga e avisou que não precisaríamos pagar pelo evento.
No local havia abundância de bebida alcoólica e drogas, além de contar com a presença de um grupo de pagode conhecido na mídia e DJ tocando funk, que exaltavam o uso de armas e o tráfico de drogas. No início algumas das entrevistadas ficaram apreensivas e queriam ir embora, porém com o passar do
tempo pudemos perceber que elas acostumaram-se com o local e até caracterizaram o ambiente como "tranquilo e ameno". Segundo nossa avaliação algumas das entrevistadas demonstraram interesse em permanecer no local devido à sensação e perigo que aquela situação oferecia, visto que nunca haviam vivenciado algo do tipo.
Embora o clima de apreensão, as entrevistadas mantiveram a mesma postura do último evento, continuando com o clima de entrosamento e brincadeira entre si e com os presentes. Por não estarem acostumadas com este tipo de ambiente, muitas fizeram observações e brincadeiras sobre o modo de vestir e dançar dos demais frequentadores do evento. Embora estivessem no evento, a todo momento elas queriam pontuar que eram diferentes daqueles frequentadores, exprimindo um ar de superioridade sobre aqueles.
Nenhuma demonstrou interesse por qualquer menino, nem sequer exprimiu comentários sobre a beleza de alguém, segundo elas o "terreno não era fértil". Em contrapartida, os rapazes cobiçavam-nas e tentaram por diversas vezes algum tipo de aproximação. Muitas conversaram, riram e até brincaram com os rapazes, mas fizeram questão de deixar bem claro que aquilo não passaria do limite da amizade.
Quando os rapazes saíam de perto, as entrevistadas faziam diversos comentários sobre roupa, erros de português na fala e a impossibilidade de qualquer envolvimento amoroso com eles, mesmo que seja apenas um ficar.
Podemos perceber, que no referido evento as entrevistadas se sentiram pouco a vontade, pois temiam a "reação dos praticantes de atos ilícitos". Ao longo da festa, fizeram questão de se colocar em um nível de superioridade dos demais participantes do evento, posição que estes legitimaram. Portanto, acreditamos que embora este evento tenha muitas características parecidas com o Baile do Salgueiro, as entrevistadas fizeram questão de se colocar como parte externa a esse mundo sem qualquer tipo de relação com este.

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